Blog da Proma
Qualidade de Vida e Home Office são Prioridades Para o Novo Consumidor Imobiliário
A pandemia – e o consequente isolamento social– mudou as prioridades dos brasileiros em relação à moradia. Viver melhor dentro do seu próprio espaço se tornou condição indispensável, antes colocada em segundo plano, pois a maioria não passava tanto tempo em sua própria residência. Entender o comportamento deste novo consumidor que nasceu junto com a crise sanitária, no entanto, é um dos desafios que construtores e incorporadores terão de enfrentar para concretizar novos negócios.
Durante o último ano, novas exigências em relação à habitação foram mapeadas por meio de estudos de mercado. Entre os quais, o da Brain Inteligência Estratégica, em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Realizada em agosto de 2020, a pesquisa mostrou que 40% dos 689 entrevistados possuem vontade de investir em apartamentos ou casas novas até 2022, sendo que 32,5% deles já estão em busca das melhores oportunidades.
De acordo com a pesquisa, o interesse de compra vem junto com novas exigências por parte dos consumidores, considerando que 15% das pessoas disseram que o isolamento social interferiu no estilo de imóvel procurado. Os principais fatores apontados estão relacionados à necessidade de ter um escritório em casa, ao desejo de mais áreas verdes no entorno do imóvel e à existência de espaço de lazer em casa ou no condomínio. Também foram citadas necessidades de um imóvel mais espaçoso – com salas e cozinhas que possibilitem a integração e o convívio social –, maior importância às varandas, assim como distanciamento dos centros urbanos.
Ressignificação do Lar
A realidade da maioria das pessoas mudou. E quem adotou esse novo estilo de vida dificilmente vai querer voltar ao anterior. Agora elas precisam de uma residência com estrutura completa para morar e trabalhar, não cabendo mais o improviso. Os hábitos e necessidades incorporadas à rotina são um indicativo para o mercado imobiliário, inclusive, modificar suas estratégias comerciais.
Parte dessas mudanças se deve à tecnologia, que ano a ano tem transformado o estilo de vida das pessoas. Para se ter ideia, somente no Brasil são mais de 134 milhões de usuários conectados à internet, segundo dados da pesquisa TIC Domicílios 2019, divulgada no ano de 2020. Com esse avanço, foram surgindo novas profissões e maneiras de atuar no mercado, como o trabalho remoto, e, com ele, um novo estilo de vida.
Prova disso é que mesmo antes da pandemia, o trabalho à distância, já tinha uma presença considerável no Brasil. Em 2018, um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que 3,8 milhões de brasileiros trabalhavam à distância. Alguns meses após a chegada da crise sanitária, em outubro de 2020, 7,6 milhões de pessoas estavam em home office.
O trabalho em casa foi estratégia adotada por 46% das empresas durante a pandemia, segundo a Pesquisa Gestão de Pessoas na Crise covid-19 elaborada pela Fundação Instituto de Administração (FIA). A Fundação coletou, em abril de 2020, dados de 139 pequenas, médias e grandes empresas que atuam em todo o Brasil. De acordo com o estudo, 41% dos funcionários das empresas foram colocados em regime de home office, quase todos os que teriam a possibilidade de trabalhar em casa, que somavam 46% do total dos quadros. No setor de comércio e serviços, 57,5% dos empregados passaram para o teletrabalho, nas pequenas empresas o percentual ficou em 52%.
Consolidação do Home Office
É provável que, daqui para frente, número cada vez maior de empresas passe a oferecer um sistema mais flexível de trabalho, que inclui a execução de atividades remotas. O crescimento dessa modalidade de trabalho deve mudar o desenho dos imóveis e até mesmo das cidades, principalmente de capitais como São Paulo, que possui áreas destinadas a prédios e centros comerciais.
Esta mudança de conceito e perfil do consumidor tem levado construtores e incorporadores a repensar seus projetos. Alguns já estão realizando adaptações para se ajustar às mudanças de hábitos e necessidades dos compradores. O mercado já tem mostrado isso. A configuração de plantas de apartamentos com três dormitórios e uma suíte, por exemplo, deve mudar para três suítes.
Outra adaptação se refere especificamente para atender à necessidade de home office, tendo em vista que ter um cômodo da casa exclusivamente voltado ao trabalho e/ou rotina escolar significa conforto e produtividade na realização das tarefas. Mas para isso é necessário levar em conta ainda outros fatores importantes que podem interferir no rendimento, entre as quais mobiliário (mesa na altura adequada e cadeira confortável), luminosidade, harmonia de cores e, principalmente, conforto acústico.
E se a necessidade é conforto para realizar as atividades do escritório em casa, no caso de apartamentos, o ideal é que durante o projeto arquitetônico um cômodo seja pensado com infraestrutura para isso. A exemplo da instalação de materiais de proteção acústica ainda na etapa construtiva.
Caso o imóvel tenha restrições de tamanho, em função do padrão, outra possibilidade é de remodelação das áreas comuns. Já existem construtoras, por exemplo, transformando o antigo salão de festas em estúdio, para então destinar o restante da área à criação de um escritório de uso comum.
Embora as adaptações estejam ocorrendo aos poucos, a certeza que se tem é que o novo normal não será o mesmo. Novos hábitos e necessidades incorporadas à rotina são indicativos importantes para o mercado imobiliário repensar e modificar suas estratégias de construção.