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Relatório IPCC 2023: um resumo obrigatório para toda indústria
O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima – IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) é formado por um conjunto de análises que elaboram Relatórios de Avaliação abrangentes acerca do estado científico, técnico e socioeconômico das mudanças climáticas, seus impactos e riscos. Também apresenta as melhores formas de diminuir a aceleração das mudanças climáticas.
O IPCC foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988. Seu principal objetivo é fornecer avaliações científicas regulares sobre a mudança do clima, suas implicações e possíveis riscos futuros, bem como para propor opções de adaptação e mitigação.
Atualmente, o IPCC possui 195 países membros, entre eles o Brasil. E vale ressaltar que os relatórios e documentos são produzidos em várias etapas, não sendo o IPCC o agente responsável pelas pesquisas.
Além disso, o IPCC também produz relatórios sobre os tópicos que foram acordados pelos governos membros, bem como formula diretrizes para para preparação de inventários sobre os gases de efeito estufa.
E no mês passado foi lançado o Sexto Relatório de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o último volume de um longo trabalho de oito anos do corpo científico mais confiável do mundo acerca de mudanças climáticas.
O relatório traz descobertas de 234 cientistas sobre a ciência física das mudanças no clima, de 270 cientistas sobre os impactos, adaptação e vulnerabilidade às mudanças climáticas e de outros 278 cientistas sobre mitigação.
O Relatório síntese do IPCC fornece a mais apurada, mais completa e mais abrangente avaliação das mudanças climáticas existente no mundo hoje.
E não podemos deixar de dizer que a leitura deste relatório é agradável.
São quase 8 mil páginas nas quais estão descritas as conclusões catastróficas do aumento da emissão de gases do efeito estufa. Da destruição de casas e comunidades inteiras à perda de meios de subsistência de muitos povos, o IPCC alerta para os riscos cada vez maiores de tais mudanças serem irreversíveis.
Desde a 1ª Revolução Industrial o homem passou a contribuir de forma muito direta, descuidada e definitivamente irresponsável para o aumento da emissão de gases de efeito estufa e para outras catástrofes, como o desmatamento desenfreado, por exemplo.
Mas se a industrialização e as indústrias foram o primeiro passo para o aumento irresponsável dos gases de efeito estufa, podem ser também o passo primordial para reverter este processo.
Políticas como os créditos de carbono, por exemplo, precisam ganhar força e peso, bem como a substituição do uso de combustíveis fósseis por energias limpas e políticas como a economia circular.
Inclusive, a competitividade industrial vai ser cada vez mais pautada pelas políticas de sustentabilidade que não apenas cumprem um papel social como também geram muito lucro e possibilidade de crescimento.
E embora estas informações já sejam há muito tempo de conhecimento geral, elas não são levadas a sério da forma como deveriam e a redução necessária nos níveis de emissões de gases do efeito estufa não acontece.
Veja no infográfico abaixo as informações sobre a redução necessária, segundo o IPCC AR6:
Por isso, vamos compartilhar aqui alguns dos principais insights do último relatório IPCC, com o intento de tornar as consequências da irresponsabilidade com o clima mais óbvias e motivar, assim, a tomada de decisões mais responsáveis por parte das indústrias e seus empresários.
As 10 principais conclusões do IPCC 2023
- O aquecimento global induzido pela humanidade, de 1,1°C, desencadeou mudanças no clima do planeta sem precedentes na história recente.
- Os impactos do clima nas pessoas e ecossistemas são mais vastos e severos do que se esperava, e os riscos futuros aumentam a cada fração de grau de aquecimento.
- Medidas de adaptação podem construir resiliência, mas é necessário aumentar o financiamento para expandir as soluções.
- Alguns impactos climáticos já são tão graves que não é mais possível se adaptar a eles, gerando perdas e danos.
- Em trajetórias alinhadas ao limite de 1,5°C, o pico das emissões de GEE acontece antes de 2025.
- O mundo precisa parar de usar combustíveis fósseis – a principal causa da crise climática.
- Também precisamos de transformações urgentes e sistêmicas para garantir um futuro resiliente de zero líquido.
- A remoção de carbono hoje é essencial para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.
- O financiamento climático tanto para mitigação quanto para adaptação precisa de um aumento significativo nesta década.
- As mudanças climáticas – e nossos esforços de adaptação e mitigação – vão aumentar a desigualdade se não garantirmos uma transição justa.
Conclusão
Se a subida da temperatura do globo terrestre ultrapassar 1,5 °C, ecossistemas inteiros nas regiões polares, costeiras e montanhosas vão desaparecer para sempre.
Mesmo com um aquecimento de 1,5 °C, entre 3% e 14% de todas as espécies terrestres já vão enfrentar um risco muito elevado de extinção. Um aquecimento maior só vai agravar ainda mais estas ameaças à biodiversidade.
Um pequeno aumento do aquecimento já é suficiente para ameaçar a produção e a segurança alimentares, por conta de vagas de calor, secas e inundações mais intensas e frequentes, juntamente com a subida do nível do mar.
O aumento das condições meteorológicas extremas e das vagas de calor, assim como de doenças infecciosas devido ao aquecimento, podem provocar mais problemas de saúde e mortes prematuras.
Portanto, cada indústria, grande ou pequena, precisa entender qual é o seu papel neste momento pelo qual o planeta passa e buscar sempre o desenvolvimento sustentável.
É um momento decisivo não apenas para as gerações futuras, como se pensava há algum tempo, mas decisivo também para as atuais gerações, que já vem enfrentando as consequências drásticas do aquecimento global.