Blog da Proma
Participação das mulheres na indústria do plástico estimula inovação!
Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é fundamental darmos o devido destaque à crescente participação feminina no setor industrial, fato este que tem marcado e transformado o cenário das empresas neste segmento.
No segmento de química e petroquímica, incluindo o do plástico, não é diferente! Hoje, essas profissionais têm se destacado nos mais diversos campos, desempenhando funções essenciais, desde pesquisa e desenvolvimento até gestão e liderança.
E para comprovar isso na prática e reforçar o papel dessas mulheres na indústria, convidamos duas especialistas, Miriam Tvrzská e Simone Carvalho, que além de grandes profissionais, representam a classe desde uma época em que o número de mulheres ainda era pequeno nas empresas.
Boa leitura!
CNI mostra crescimento do percentual de mulheres em cargos de gestão
Os dados do Observatório Nacional da Indústria – base da Confederação Nacional da Indústria (CNI) – mostram um significativo crescimento de mulheres ocupando cargos de gestão nos últimos anos: de 24%, em 2008, para 32%, em 2021.
Embora ainda haja uma enorme lacuna a ser preenchida, o fato é que houve uma evolução e ela deve continuar nos próximos anos!
Para se ter uma ideia, nesse mesmo período, o setor industrial foi o que apresentou maior aumento na participação feminina nesses postos. No total, as profissionais respondem hoje por ¼ da força de trabalho na manufatura nacional.
Ainda segundo o levantamento da CNI, a cada 10 indústrias brasileiras, seis contam com programas ou políticas de promoção de igualdade de gênero, sendo que 61% afirmam tê-las há mais de cinco anos.
A principal razão para desenvolver essas iniciativas é a percepção de desigualdade, citada por 33% dos executivos ouvidos, seguida da importância de dar oportunidades iguais para todos, mencionada por 28% dos entrevistados.
A Indústria 4.0 pode impulsionar o aumento da participação feminina nas empresas
O relatório “Manufatura – Tendências Globais de RH 2023”, promovido pelo Gi Group Holding, multinacional italiana de recursos humanos, apontou que a implementação da Indústria 4.0 (também chamada de Quarta Revolução Industrial), aliada à qualificação profissional, também pode ser uma grande oportunidade para a ampliação da presença de mulheres na indústria no Brasil.
Na prática, a Indústria 4.0 abarca um amplo sistema de tecnologias avançadas, como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem. Tudo isso está revolucionando as formas de produção e os modelos de negócios no Brasil e no mundo.
De acordo com a pesquisa, 58% das empresas instaladas no País que foram consultadas afirmam que o emprego de mulheres no departamento de produção certamente pode aumentar em suas operações nos próximos cinco anos.
Diversidade de pensamento tem sido fundamental para enfrentar novos desafios
A diversidade de pensamento proporcionada pelas mulheres na indústria do plástico também tem sido um fator fundamental para enfrentar os desafios ambientais e de sustentabilidade tão indispensáveis nos dias de hoje.
Afinal, a participação de mulheres na indústria tem um peso especial sobre estes temas, tendo em vista que, comprovadamente, elas desempenham um papel vital na busca por alternativas e na implementação de práticas eco-friendly, promovendo a redução do impacto ambiental e incentivando práticas mais sustentáveis, como indicam algumas pesquisas.
A igualdade de gênero fortalece as organizações e favorece construção de um ambiente mais inclusivo
Além do que acabamos de destacar, a promoção da igualdade de gênero não apenas fortalece as organizações, mas também contribui para a construção de um ambiente de trabalho mais inclusivo e produtivo.
Portanto, incentivar o aumento da presença feminina na indústria é fundamental para garantir uma representação equitativa e uma força de trabalho mais diversificada no futuro.
Maior participação de mulheres na indústria é fenômeno global
A presença crescente de mulheres na indústria não é apenas um fenômeno localizado em países de economia mais madura, mas sim uma tendência global.
Conferências, redes profissionais, políticas de incentivo e eventos dedicados à participação de mulheres no setor industrial têm contribuído para fortalecer a comunidade feminina, proporcionando oportunidades de networking e compartilhamento de experiências.
Para ter uma noção melhor dessa transformação, em alguns países da Europa, por exemplo, a expectativa é de que a presença de mulheres nas empresas tenha um crescimento superior ao de homens até 2030.
Os principais avanços proporcionados pela participação das mulheres na indústria
Incentivar e aumentar a participação de mulheres na indústria vai muito além de uma corrida histórica pela igualdade de direitos. Mais do que isso, muitos gestores já perceberam os diferentes valores e até mesmo diferenciais competitivos que passam a ser agregados aos cargos ocupados por essas profissionais.
E para exemplificar um pouco melhor, listamos alguns deles:
- Diversidade de pensamento
- Inovação
- Representatividade do mercado consumidor
- Melhoria do ambiente de trabalho
- Habilidades interpessoais
- Adaptabilidade
- Atratividade para talentos
- Cumprimento de metas de sustentabilidade
- Criação de modelos para futuras gerações
- Melhoria na imagem corporativa
- Construção de equipes multidisciplinares
- Atendimento a normativas de igualdade
Os desafios para reduzir a desigualdade entre homens e mulheres no setor industrial
Apesar de todos os avanços nos últimos anos, é preciso reconhecer que ainda há um grande caminho a ser traçado e, principalmente, quebrar determinados paradigmas e vencer alguns obstáculos.
Para entender melhor o imenso desafio que é reduzir a desigualdade entre homens e mulheres na indústria, separamos a seguir alguns fatores que ainda devem ser debatidos por toda e qualquer gestão:
- Paridade salarial
- Política que proíbe discriminação em função de gênero
- Implementação de programas de qualificação de mulheres
- Programas de liderança para estimular a ocupação de cargos de chefia por mulheres
- Direitos essenciais e dedicados às mulheres na indústria
Paixão pela profissão e a conquista de uma carreira de sucesso!
“A química é apaixonante”. É com essa frase que a engenheira química e professora do Mackenzie, Miriam Tvrzská, inicia a sua contribuição no artigo.
E segundo ela, essa paixão vem de uma família com grande tradição na área acadêmica. O avô foi autor de importantes obras de engenharia e foi professor catedrático na área de mecânica de fluídos na Universidade de Carlos, hoje na República Tcheca. O pai também seguiu seus passos na carreira.
Há 30 anos lecionando, Miriam é um exemplo de amor e dedicação a este universo, mesmo quando a área ainda não contava com um número expressivo de mulheres.
Quando se formou na Poli-USP, no início dos anos 90, ela era uma das 15 mulheres de uma turma de 60 alunos.
“A proporção na classe de engenharia química era de um para quatro”, conta.
No entanto, hoje, a engenheira não vê mais essa distinção entre rapazes e moças que optam por essa carreira. Ela explica:
“Há pessoas capazes de ambos os sexos. Sempre há um certo machismo, mas as mulheres têm grandes possibilidades de exercer uma carreira brilhante”.
Ainda estudante, dividida entre cursar medicina ou engenharia elétrica, Miriam acabou se interessando pela área ao ouvir grandes elogios de um executivo do setor.
“Eu ainda era adolescente e estava buscando definir o que estudar e meu pai me levou numa feira industrial, onde consegui conversas com diversos profissionais.
Mas um executivo falou muito bem do trabalho no setor químico e aquilo me incentivou”, conta a professora, que continua cada vez mais apaixonada pelo tema.
Ela prossegue, reforçando sua paixão como docente no setor:
“Formar alunos é uma coisa fascinante! Dou aula há 30 anos e pretendo continuar por muito tempo”, finaliza.
Lugar de mulher é onde ela quiser… inclusive, na indústria do plástico!
Com apenas 15 anos, a assessora técnica da Abiplast, Simone Carvalho, também se apaixonou pelo universo dos plásticos, por meio de um curso técnico iniciado no Senai.
Na época, ainda eram raras as meninas que cursavam a escola técnica, o que exigiu muita resiliência de Simone que, no entanto, desenvolveu uma relação especial com o setor, que já totaliza 40 anos.
“Na hora do intervalo, as meninas ficavam isoladas, em meio ao grande contingente masculino da escola.
Eu estudei posteriormente química industrial, trabalhei em empresas e quis o destino que, alguns anos depois, voltasse ao Senai como professora, o que foi muito gratificante”, complementa a especialista!
Ainda que a participação de mulheres na indústria do plástico tenha crescido nos últimos anos, Simone acredita que este número poderia ser ainda maior, já que o tempo mostrou que há muitas profissionais talentosas, como mostrou a sua própria carreira de sucesso.
Ela conta que, entre suas inúmeras visitas técnicas pela Abiplast, já ouviu comentários de executivos do setor que gostariam de oferecer mais oportunidades para profissionais mulheres, que costumam ser muito eficientes.
“Certamente, um número maior de mulheres poderia trabalhar nesta indústria, caso houvesse disponibilidade”, destaca.
A profissional ainda complementa e reforça a evolução no pensamento das empresas de hoje:
“Antigamente, havia muito preconceito contra as mulheres na indústria, mas eu acho que as possibilidades hoje estão abertas. Basta que elas acreditem”.
Enfim, não há dúvidas que a participação de mulheres na indústria, incluindo a do plástico, tem crescido consideravelmente e isso se torna notável não apenas através de pesquisas, mas nos próprios pátios e escritórios ao redor do mundo.
Por outro lado, é preciso reconhecer que ainda falta um longo caminho a ser traçado pelas empresas e gestores até alcançarmos um cenário mais justo e igualitário, não apenas no número de profissionais ocupando as vagas, mas também a nível de salários, cargos e direitos.
Imagens: divulgação